sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

GOVERNO LULA DÁ ADEUS À REFORMA AGRÁRIA

O presente artigo foi retirado da página da Radioagência

Por Ariovaldo Umbelino


O II Plano Nacional de Reforma Agrária (II PNRA) terminou em 2007 e poucos se lembraram deste fato, ou seja, o governo Lula só faz a reforma agrária se quiser, pois, não tem mais nenhum plano para isso. Mas, o MDA/Incra continua produzindo “factóides” para enganar a sociedade através da mídia com notícias tais como: novo estudo sobre os índices de produtividade, ou então, há muitas terras sendo compradas por estrangeiro no Brasil. Aliás, o órgão governamental encarregado de cuidar desta última questão é o próprio Incra, e não se sabe por que ele não toma as providências contra estas vendas se elas por acaso, são irregulares. Quanto aos novos índices de produtividade que nunca têm sido decretados pelo governo Lula, é mais uma notícia do “me engana que eu gosto”.

Por outro lado, o mesmo MDA/Incra, como tem feito sistematicamente, não publica automaticamente os dados da reforma agrária, agindo como se não fossem órgãos públicos que devem prestar conta de suas atividades à sociedade. É por isso que, somente agora no final de 2008, estão aparecendo os primeiros resultados de 2007.
Como todos se recordam o II PNRA tinha como meta um, implantar em cinco anos 550 mil novos assentamentos, e, como meta dois, regularizar 500 mil posses. Além, é óbvio, da meta três relativa ao Programa Nacional de Crédito Fundiário (ex-Banco da Terra do Banco Mundial) que previa assentar mais 150 mil famílias, e da meta sete que previa reconhecer, demarcar e titular
as áreas das comunidades remanescentes de quilombo. http://www.mda.gov.br/arquivos/PNRA_2004.pdf acessado em 17/12/2008 às 09:30 hs).
Mas, infelizmente, o MDA/Incra insiste em tentar confundir a todos divulgando que assentou, nos 5 anos do II PNRA, um total de 448.954 famílias. Tenho escrito que esses dados divulgados pelo governo Lula sobre a reforma agrária, referem-se à Relação de Beneficiários emitidas, as “famosas” RBs. Assim, continuo a tarefa de esclarecer a todos que as RBs não se referem apenas aos assentamentos novos, elas são emitidas também para os assentamentos relativos à regularização fundiária (Resex, PAE, etc). As RBs são também emitidas para regularizar a situações das famílias dos assentamentos antigos reconhecidos pelo Incra para que os já assentados tenham acesso às políticas públicas. Elas são inclusive emitidas para regularizar a situação de assentados em decorrência de herança, daqueles que compraram lotes de boa fé, e daqueles que foram substituídos nos assentamentos antigos por abandono ou outros motivos permitidos por lei, etc.

Assim, mesmo com muitos limites, é possível começar a fazer o balanço do II PNRA. Mas, os dados das RBs divulgados pelo INCRA, em decorrência dos motivos apontados anteriormente, precisam ser desagregados. Feita esta desagregação, entre 2003 e 2007 o governo Lula assentou apenas 163 mil famílias referentes à meta um – novos assentamentos. Portanto, cumpriu somente 30% da meta de 550 mil famílias que ele tinha prometido assentar. Não cumpriu também a meta dois que referia à regularização fundiária de 500 mil posses, pois regularizou apenas a situação de 113 mil famílias, ou seja, atingiu apenas 23% da meta. Entre os dados restantes estão 171 mil famílias referentes à reordenação fundiária, ou seja, a situação de regularização em assentamentos antigos, e o que é mais absurdo a inclusão de cerca de duas mil famílias referentes à reassentamento de atingidos por barragens, que em absoluto trata-se de reforma agrária.

Quando se observam os dados relativos as 163 mil famílias de fato assentadas pela reforma agrária, verifica-se que em termos regionais a distribuição do percentual de cumprimento de metas, foi o seguinte: região Norte cumpriu 19%, Nordeste 43%, Centro-Oeste 31%, Sudeste 20%, e, Sul 19%. Há estados que inclusive, cumpriram índices baixíssimos como, por exemplo, o Rio Grande do Sul que atingiu apenas 15% das metas, Rio de Janeiro 16%, Sergipe 18%, Santa Catarina 19%, Minas Gerais 20%, Paraná 21%, Espírito Santo e São Paulo 22%, Mato Grosso 23%, e etc. Entre as unidades que cumpriram mais da metade das metas, estão apenas o Maranhão que alcançou 54%, o Piauí 58% e a superintendência do médio São Francisco 71%.

Assim, como tenho afirmado a política de reforma agrária do governo LULA está marcada por dois princípios: não fazê-la nas áreas de domínio do agronegócio e, fazê-la apenas nas áreas onde ela possa “ajudar” o agronegócio. Ou seja, a reforma agrária está definitivamente, acoplada à expansão do agronegócio no Brasil. É como se estivesse diante de uma velha desculpa: o governo Lula finge que faz a reforma agrária, e divulga números maquiados na expectativa de que a sociedade possa também, fingir acreditar.

Mas, a primeira e principal conclusão que se pode tirar do balanço do II PNRA, é apenas e tão somente uma: o governo Lula do Partido dos Trabalhadores também não fez a reforma agrária. Afinal esperava-se que Lula cumprisse sua histórica promessa de fazer a reforma agrária, a pergunta então deve ser: porque também seu governo não faz a reforma agrária? E, a resposta também é uma só: seu governo decidiu apoiar totalmente o agronegócio.

Mais uma prova cabal desta aliança com o agronegócio e contra os camponeses e os trabalhadores rurais do país, está em muitas páginas do recém lançado Plano Nacional Sobre Mudança do Clima (PNMC) (www.mma.gov.br). Na ocasião do lançamento as informações que ganharam divulgação foram aquelas sobre a proposta de diminuição dos indicadores de desmatamento na Amazônia. Mas, entre outras informações sobre a aliança do governo Lula com o capital monopolista mundializado, está a previsão de expansão do setor sucroalcooleiro entre 2008 e 2017 para produzir 52,2 bilhões de litros de etanol para o mercado interno e 8,3 bilhões para exportação. A única questão que o PNMC não cita é: qual a área necessária para se produzir essa quantidade de etanol? Ora, como a produção em 2008 é de 24,5 bilhões de litros de etanol e a área plantada de cana-de-açúcar ocupa 9 milhões de hectares, será necessário ampliar a área em mais de 13 milhões de hectares, atingindo assim, uma extensão de mais de 23 milhões de hectares. Mas, este assunto será tratado no próximo artigo. É por tudo isso, que a palavra de ordem deve continuar sendo:

- Por um III PNRA – Plano Nacional de Reforma Agrária sob controle político dos camponeses sem terra.

(*) Professor titular de Geografia Agrária pela Universidade de São Paulo (USP). Estudioso dos movimentos sociais no campo e da agricultura brasilera, é autor, entre outros livros, de "Modo capitalista de produção (Ática, 1995)", "Agricultura camponesa no Brasil" (Contexto, 1997).

OBS. O áudio da matéria encontra-se resumido não constando algumas informações publicadas no texto.

18/12/08

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

REITORIA DA USP AVANÇA CONTRA O SINDICATO E A UNIVERSIDADE

Brandão, dirigente sindical dos trabalhadores da USP (Sintusp) foi demitido por “justa causa”


Hoje, Claudionor Brandão, atual diretor do Sintusp eleito em 2007 e no pleno gozo dos direitos sindicais estabelecidos pelas leis vigentes, atual representante dos funcionários no Conselho Universitário (tendo sido o mais votado), há 21 anos trabalhando na USP como operário da manutenção (ar condicionado) , recebeu notificação da reitora Sueli Vilela determinando sua demissão por “justa causa”, que é inconstitucional porque desrespeita seu direito à estabilidade, em ato de finalização de processo administrativo iniciado em 2005. A “causa” seria faltas graves, como dirigir piquetes e paralisações nas greves de 2005 e 2006.

De fato, Brandão, mesmo nesses anos quando não era diretor do sindicato, participou e dirigiu na primeira fileira todas as lutas ocorridas nesta universidade desde 1987, fosse por questões salariais e direitos trabalhistas dos 14.000 funcionários da USP, mais verbas para a universidade e a educação, assistência estudantil e direitos e salários iguais para os mais de 4.000 trabalhadores terceirizados.

A medida reacionária da reitora Sueli Vilela, em conivência com a maioria do Conselho Universitário e órgãos da burocracia universitária, tem o claro objetivo de impedir a luta dos trabalhadores, estudantes e professores da universidade contra os projetos de sucateamento impostos pelos governos tucanos (Alckmin e Serra), que teve na greve de 2007 um exemplo de combate que tomou a atenção de todo o país, com a ocupação da reitoria durante 51 dias pelos estudantes apoiados firmemente pelos trabalhadores da USP e amplos setores da população paulista e mesmo brasileira.

Para voltar com os ataques de Serra à educação universitária e secundária, depois deste embate que impediu a aplicação dos decretos do governo, a reitora e a burocracia universitária procuram derrotar um dos principais obstáculos: a organização sindical dos trabalhadores da USP, seu sindicato, seus dirigentes combativos, que sempre estiveram ombro a ombro com os estudantes e os professores. As perseguições e punições que vinham ocorrendo nos últimos meses encontrou importante resistência num ato público realizado em 4 de novembro, na USP, com a presença de intelectuais como Francisco de Oliveira, professores universitários como Chico Miraglia, o deputado Carlos Gianazzi (PSOL), Dirceu Travesso, dirigente da Conlutas, do PSTU e demitido da Nossa Caixa (banco do governo Serra), entre outras personalidades democráticas, intelectuais e combativas.

A demissão de Brandão, agora, mostra que a Reitoria está disposta a avançar para derrotar a organização sindical combativa dos trabalhadores da USP, como um exemplo ameaçador aos demais setores de luta (DCE, CAs, Adusp).

Para barrar a demissão de Brandão, lutar pela sua readmissão incondicional e imediata e seguir adiante na unidade dos trabalhadores da USP com os estudantes e professores, representados pela Adusp e o DCE, cuja posse da nova direção eleita, do PSTU, será no dia 19/12, chamamos as organizações sindicais da Conlutas, da Intersindical, da CUT e das demais centrais sindicais, MST e MTST, partidos e organizações políticas e sindicais, organismos de direitos humanos e democráticos, personalidades e parlamentares a iniciar imediatamente uma campanha de repúdio, efetivada com medidas de ação a este ato reacionário da reitora Sueli Vilela, considerando- o um ataque ao legítimo direito de organização e atuação sindical dos trabalhadores da USP e uma afronta ao combate dos estudantes, professores e trabalhadores das universidades e instituições de ensino de todo o país que lutam em defesa da educação pública, gratuita e a serviço dos trabalhadores e do povo pobre.


São Paulo, 09 de dezembro de 2008
Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional


ABAIXO-ASSINADO [MODELO]

No dia 09/12/08, a reitoria da Universidade de São Paulo alegou demissão por justa causa a Claudionor Brandão, diretor do SINTUSP e representante eleito dos funcionários no Conselho Universitário. Essa medida faz parte de um processo de perseguição e punição a setores do movimento operário, estudantil e de movimentos sociais. Brandão fez parte, em diversos momentos, das lutas em defesa da universidade pública e da educação de qualidade e é por esse motivo que agora a reitoria da USP tenta colocá-lo na cada vez mais longa lista de demitidos políticos pelo país a fora. Como delegado sindical e diretor do SINTUSP eleito em fóruns da categoria, Brandão sempre esteve à frente da defesa dos interesses do conjunto dos trabalhadores da universidade, se pautando em deliberações legitimamente tomadas pelos trabalhadores em suas assembléias e instâncias de decisão. Por tudo isso, as entidades, associações e movimentos abaixo-assinados REPUDIAMOS A DEMISSÃO do diretor do SINTUSP Claudionor Brandão, que é inconstitucional porque desrespeita seu direito à estabilidade. Se trata de um ataque duríssimo à liberdade de organização sindical e política dos trabalhadores, estudantes e ao próprio SINTUSP. Exigimos a REINCORPORAÇÃO IMEDIATA E INCONDICIONAL de Claudionor Brandão aos quadros da universidade e a retirada de todos os processos administrativos e sindicâncias aos estudantes, trabalhadores e professores que lutaram em defesa da universidade.

Favor enviar adesões para: sintusp1@terra.com.br com cópia para contraademissaodobrandao@yahoo.com.br

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A relação entre educação e corrupção

Corrupção mundial custa 26% mais que aplicações na educação fundamental

As aplicações mundiais no ensino fundamental representam 74% do custo anual da corrupção, estimada em mais de US$ 1 trilhão pelo Banco Mundial (Bird). Isto é, o gasto com o ensino entre a 1ª e 9ª séries, em torno de US$ 741 bilhões, é R$ 259 bilhões menor que a cotação das práticas ilegais. A educação fundamental equivale a 1,3% do PIB mundial em PPC (Paridade do Poder de Compra), um modo de calcular o Produto Interno Bruto que tenta eliminar a diferença do custo de vida entre os países. Já as perdas com a corrupção representam cerca de 2% do PIB global, 0,7 ponto percentual a mais que o gasto com a educação para crianças e adolescentes.Anualmente, somente os países em desenvolvimento perdem entre US$ 20 e US$ 40 bilhões em ações de corrupção, o que pode chegar a 40% dos gastos oficiais com assistência social. Negociações como sonegação e corrupção podem custar até US$ 1,6 trilhão a cada ano em todo o mundo. Apenas a África, segundo a União Africana, perde US$ 148 bilhões por ano – equivalentes a 25% do Produto Interno Bruto do continente – por culpa de desvios ilegais de recursos.

O ônus da prática da corrupção é avaliado pelo Banco Mundial com base em dados econômicos de mais de 200 países, sobretudo, do dinheiro desviado em esquemas de superfaturamento de projetos e pagamento de propinas a servidores públicos. As aplicações em “primary education”, que equivale no Brasil ao ensino fundamental, por sua vez, foram apresentadas no final do ano passado no relatório Educação para Todos, elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Os custos dizem respeito, entre outros, à construção e manutenção de escolas, aos salários dos professores, aos materiais de aprendizagem e as bolsas de estudo.

Tatiana Filgueiras, especialista em educação do Instituto Ayrton Senna (IAS), acredita que a educação é duplamente uma ferramenta de combate à corrupção. “A educação promove uma dupla condição necessária para o combate à corrupção, que é o fortalecimento das pessoas, necessário para a efetividade do controle social, e o fortalecimento das instituições, necessário à instauração de cadeias de prestação de serviço mais éticas, eficientes e transparentes com sistemas de responsabilização”, destaca.

A especialista do IAS acrescenta que a educação gera educação, portanto, investir no setor é também uma forma de perpetuá-lo, já que a escolaridade dos pais é fator decisivo para que os filhos também freqüentem a escola. “A educação, ao mesmo tempo, gera riqueza, pois o aumento da escolaridade de um povo é capaz de elevar os níveis de renda e de saúde, de elevar níveis de participação e de controle social, além de contribuir para o próprio desenvolvimento econômico”, completa.
De acordo com o Instituto do Banco Mundial, países que combatem à corrupção e zelam pela manutenção do Estado de direito podem ter um aumento de até quatro vezes na renda nacional em longo prazo. “Educação gera educação, que gera riqueza, que contribui para o crescimento do país”, resume Tatiana. O cientista político e professor de Teoria da Corrupção da Universidade de Brasília Ricardo Caldas aponta que a educação é uma forma de se combater a corrupção. “O nível de educação é uma condição necessária ao combate do problema. No Brasil, o nível de educação poderia trazer, mas não necessariamente, cultura política”, ressalta. Para Caldas, o índice médio de crianças entre 5 a 14 em sala de aula (97%) pode ser considerado um avanço em relação à décadas passadas, mas pondera que a situação ainda não é a ideal.

O descaso da educação no governo Lula

Lula promete priorizar a educação. Como e quando?

Na América Latina, a universalização do ensino fundamental tem sido proporcional à elitização do ensino superior nos últimos anos. Isso aprofunda a desigualdade social, atrofia a capacidade de exercício da cidadania, inibe o diálogo social. Quanto mais baixo o nível de escolaridade da população, menor a sua renda. O país perdura como um vasto quintal propício à exploração de seus recursos humanos e naturais por parte do capital transnacional. Dados revelam que quanto maior a presença do Estado, melhor a educação. No Brasil, o investimento público em educação é insignificante. De 1995 a 2005 ficou em torno de R$ 20 bilhões/ano. Naquela década, a arrecadação da União cresceu proporcionalmente ao PIB; subiu de 16,8% para 22,8%. Nem por isso se alterou o investimento em educação. O superávit primário e o ajuste fiscal falaram mais alto.

O ano de maior recurso foi 2002, com dotação de R$ 22,1 bilhões. No governo Lula, investiram-se R$ 21 bilhões em 2003; R$ 20 bilhões em 2004; e R$ 20,4 bilhões em 2005. O Brasil investe 4,3% do PIB em educação, quando teria que dobrar. Os países asiáticos, destroçados pelas guerras das décadas de 1940/50, tornaram a educação alavanca de desenvolvimento graças à injeção de recursos, que variavam de 8 a 12% do PIB.O Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso em 2001, fixava em 7% do PIB os gastos em ensino. Infelizmente o professor-presidente FHC vetou. E Lula ainda não derrubou essa “herança maldita”. O ministro Fernando Haddad (queira Deus que o presidente Lula o conserve à frente do MEC) defende a elevação para 6% do PIB, seguindo recomendação da Unesco. Sem choque de investimento em educação, cobrado pelo Ipea, a prioridade do presidente Lula neste segundo mandato - melhorar a educação – terá igual destino da reforma agrária “priorizada” ao início do primeiro mandato... O Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos profissionais da Educação) promete transferir, neste ano, R$ 2 bilhões de recursos federais a estados e municípios. Em termos de PIB equivale a um pífio acréscimo de apenas 0,1% em educação. Em 2010, quando o Fundeb estiver a pleno vapor, recebendo mais de R$ 5 bilhões, ainda assim a contribuição federal ficará em 0,3% do PIB.

Mais de 90% dos recursos do Fundeb são arrecadados por governos estaduais e prefeituras. O governo federal canta loas com voz alheia. O Ipea recomenda que a verba do governo federal seja adicional, e não mero remanejamento dos recursos do MEC. Dos R$ 2 bilhões deste ano, por exemplo, R$ 800 milhões já seriam repassados normalmente a estados e municípios. Portanto, não se trata de recursos extras. Quando a multidão de crianças e jovens brasileiros terão mais importância que os credores da dívida pública?

A violência urbana, outra prioridade do segundo mandato de Lula, resulta também do baixo nível de escolaridade de nossa população. Sem estudos não se consegue emprego. Sem emprego, não há renda. Sem renda... só restam a mendicância ou o crime. A média de escolaridade no Brasil cresce muito lentamente: 5,5 anos em 1995, e 7 anos em 2005. Nem sequer atingimos o nível de escolaridade obrigatória no país, que é de 8 anos.

No sistema ibero-americano, países como Espanha, Portugal e Cuba aumentaram de modo significativo, nos últimos 30 anos, a qualidade dos ensinos médio e superior, graças ao investimento público. Portanto, cautela frente à euforia privatizadora! Esta, além de fazer da educação uma mercadoria, anulando sua natureza de direito social, segrega todos aqueles que não dispõem de recursos suficientes para pagar uma boa escola.

As lacunas na educação aprofundam o fosso entre nações industrializadas e emergentes. Enquanto nas primeiras 85% dos jovens completam o ensino médio, na América Latina o índice é de apenas 35%. Na década de 1990, os países industrializados investiram na educação, em média, 6% do PIB; na América Latina não ultrapassou 4,1%.Não se pode falar em educação de qualidade sem tempo integral na escola para alunos da pré-escola ao ensino médio. Quatro horas diárias de período escolar é muito pouco, sobretudo considerando que, fora da escola, muitos ficam absorvidos pelo entretenimento deseducativo da TV.

O Brasil precisar eliminar também o analfabetismo digital e introduzir na escola tecnologias de informação e comunicação, que facilitam o acesso de alunos e professores à informação atualizada, favorecem a educação à distância, tornam mais participativos os processos de aprendizado. O analfabetismo cibernético gera menor produtividade e renda profissional; menos opções de mobilidade social; exclui do acesso à informação e a mercados; prejudica o uso eficiente do tempo; inibe a participação política, o poder de gestão, o intercâmbio comunicacional e cultural.“Estou conectado, logo existo”, diria hoje Descartes. No Brasil, o ProInfo (Programa Nacional de Informática em Educação), do MEC, precisa ser incrementado e, sobretudo, dotado de maiores recursos. No Chile, a Rede Enlances possibilita que hajam terminais interconectados em todo o sistema escolar. Na Costa Rica, o Programa de Informática Educativa permite, desde 1988, que todos os alunos do ensino fundamental e médio acessem a Web.Na Argentina, o Programa Educ.ar funciona como portal de conteúdos educativos, ferramenta de capacitação de docentes e plano de conexões. Nos EUA, de 1994 a 2000 passou-se de 14% de escolas conectadas e 3% de classes a quase 2/3 de classes e 100% das escolas, incluídas as mais pobres.

Com menos de 8% do PIB em educação o governo pode até obter índices idênticos de crescimento do PIB, mas não aprimorará o Índice de Desenvolvimento Humano e nem tornará o Brasil uma nação menos desigual e mais justa.

- Frei Betto é escritor, autor de “Batismo de Sangue” (Rocco), entre outros livros.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

"Marx nunca teve tanta razão", diz Saramago sobre crise financeira

LISBOA (AFP) - O escritor português José Saramago, ao analisar a atual crise do sistema capitalista, afirmou nesta segunda-feira que Karl Marx "nunca teve tanta razão".

O escritor formulou esta declaração em uma entrevista coletiva sobre o lançamento do filme "Ensaio sobre a Cegueira", de Fernando Meirelles, em Lisboa.

"Onde estava todo esse dinheiro (desbloqueado para resgatar os bancos)? Estava muito bem guardado. Logo apareceu, de repente, para salvar o quê? vidas? Não, os bancos", declarou o prêmio Nobel de Literatura de 1998.

"Marx nunca teve tanta razão como agora", ressaltou José Saramago, acrescentando que "as piores conseqüências ainda não se manifestaram".

Ao ser ouvido sobre o vínculo entre o tema de seu romance e a crise financeira, o escritor respondeu que "sempre estamos mais ou menos cegos, sobretudo, para o fundamental".

Nos seus 85 anos, José Saramago publicou dezenas de obras, entre prosa, poesia, ensaio e teatro. Em agosto último, apenas recuperado de uma pneumonia, terminou de escrever seu último romance, "A viagem do elefante", uma história épica e jovial sobre o périplo de um elefante asiático pela Europa do século XVI.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

“O direito de criticar e o dever de não mentir”: um viva ao mestre Paulo Freire.

“O direito de criticar, e o dever de, ao criticar, não faltar à verdade para apoiar nossa crítica é um imperativo ético da mais alta importância no processo de aprendizagem de nossa democracia”. É com esta frase que Paulo Freire inicia seu texto sobre o direito de criticar e o dever de não mentir ao criticar.

Esse posicionamento ético-moral de, ao emitir um juízo de valor, explicitar, com rigor, todos os pontos argumentativos sustentadores de uma afirmação, requer muito cuidado pois implica um diálogo aberto, tanto entre sujeitos da mesma posição política, quanto entre sujeitos de posições opostas. O que deve balizar o diálogo, e o necessário enfrentamento de idéias que serão colocadas em prática na política cotidiana, é esse sentido permanente de cuidar, tanto o que se fala, como com quem se fala, especialmente sobre o quê se fala.

A emissão de um posicionamento político, tão necessária aos seres sociais, conscientes de serem sujeitos protagonistas da ação, é prova de uma postura permanente rumo à transformação, ou superadora do que se tem, ou mantedora da ordem vigente.

A educação, como prática da liberdade, é por si só política. E política não é um termo que se restrinja ao plano eleitoral. Política é o ato consciente de debater-projetar-executar propostas relativas à melhoria da condição humana. A política, quanto mais democrática, mais includente no que diz respeito à participação, à ação, à transformação.

Ao tomarmos a educação como prática de liberdade, construiremoss células dialógicas nas quais os seres humanos transitem – escolas, famílias, igrejas, partidos, assembléias populares -, para que sejam espaços permanentes de exercícios de uma dinâmica de poder: poder ser para poder executar e vice-versa. A educação como prática da liberdade é por isso mesmo política. É uma ação transformadora dos sujeitos que, ao tomarem consciência de que nasceram para ser mais, não aceitarão, no plano político não democrático, o exercício que um grupo lhes delega para ser menos.

Essa premissa vale para a escola, para os partidos, para as famílias, para as assembléias populares, para os espaços religiosos: a educação como prática da liberdade, por ser política, requer um imenso apresso pela verdade. Mas a verdade, muito relativa, terá um ponto de vista particular a partir do lugar e da forma que utilizamos ao nos colocarmos frente às posições políticas no espaço em que vivemos . Uma verdade, dependendo do ponto de vista de quem a emite, é uma mentira, dependendo de quem a recebe. E, através do diálogo, na capacidade de todas as partes poderem pronunciar, sem denegrir, sem mentir e sem velar o outro, grupos maiores poderão elaborar outras tantas verdades. Porque a verdade, como ato político, assume um caráter e um posicionamento de classe. Como nos ensinou Freire, a escola não está imune ao cotidiano vivido pelos sujeitos que protagonizam este espaço. A escola, como as outras células, é um espaço permanente de encontro entre sujeitos que vivem um cotidiano cheio de conflitos, de diferenças, de discriminações, de desigualdades. Logo, é um espaço que põe em permanente movimento a histórica situação não democrática vivida na sociedade. Frente a esta desigual forma de ser, ocupar e estar no mundo, a neutralidade evocada constitui um ato de velar uma opção política anterior, portanto, revela um ato de má-fé travestida de cientificidade.A capacidade que os detentores do poder têm, de, ao manipular, alienar os sujeitos, ora pouco políticos, a partir de uma prática permanente de velar o outro, o posicionamento do outro, as verdades do outro.

Uma sociedade levantada através da negação do debate, não pode ser, no presente, uma sociedade democrática. Para que isto ocorra, que a democracia seja real, os imperativos despóticos têm que ser substituídos por mecanismos concretos de participação. Nunca a luta de classes esteve tão explícita; Nunca foi tão aberto o jogo de grupos dominantes, contra grupos que não aceitam sua subordinação na histórica luta de classes; Nunca foi tão insistente o modo mentiroso como os representantes da direita, tentam, em todos seus instrumentos políticos, denegrir – denominando de esquerdismos e esquerdistas – a todos aqueles que acreditam num processo de desenvolvimento diferente do que se teve, se tem e se projeta a partir da hegemonia do pensamento e prática burgueses; Nunca foi tão aberto o processo anti-ético e imoral de, ao não se ter rigor, se citar práticas e reflexões de pensadores e sujeitos políticos de esquerda, sem apresentar a seu público, o que pensavam, como pensavam, quem eram na ação concreta de seu momento histórico. Nunca foi tão anti-dialógico o enfrentamento de classes; Nunca foi tão perverso o mecanismo de alienação das novas gerações que, ao se apaixonarem pelo poderio tecnológico, vão perdendo o prazer e a necessidade de conhecer e se reconhecer na história; Nunca foi tão desumano o processo de educação para o sucesso, sem tomar em conta a baixa formação humana desses sujeitos.; Nunca foi tão vergonhoso o modo - a forma e o conteúdo - que a classe dominante utiliza para projetar não só sua versão da história, como seu posicionamento de classe sobre a história, de sua meia verdade e gigantesca mentira sobre os inúmeros acontecimentos históricos em disputa por uma outra lógica de poder, de ser, de humanizar o processo de desenvolvimento a partir de uma outra lógica que não a do capital.

Para quem acredita que a luta de classes acabou, leia – para nos restringirmos ao caso brasileiro – as revistas exame, isto é, dinheiro, e os demais instrumentos da classe dominante. Aí verão, como, ao assumirem o compromisso com suas mentiras, dada a falta de rigor no que se fala e sobre o quê e quem se fala, projetam na sociedade clichês manipuladores sobre seus oponentes. Nestes instrumentos fica claro quem é, na posição de quem, o atual e histórico inimigo da classe trabalhadora. Caso não estivesse tão viva a posição opositora à ordem vigente, ou seja, o posicionamento político da classe trabalhadora à ordem vigente, esta não receberia tantas páginas de difamação nestes instrumentos políticos pouco rigorosos, como ocorre há anos no nosso País. Felizmente outros instrumentos, com suas verdades, mostram com rigor, e sentido ético-moral seu posicionamento de classe sobre os mesmos episódios. Caros amigos, carta capital, Brasil de fato, revista sem terra, são alguns dos instrumentos da classe trabalhadora que, ao contestar a ordem, evidenciam que sem luta organizada, não pode haver prática libertadora, política, para a superação.

Enquanto os instrumentos da burguesia hegemonizam o cotidiano do povo brasileiro, estes outros, de seus opositores, são divulgados, com muita dificuldade, a um grupo talvez menor, mas mais consciente da importância de se ter outros pontos de vistas sobre os fatos manipulados pelos meios dominantes globais. E quando, este grupo, em especial de educadores e militantes sociais, faz a ponte do que se tem e porque se tem o que se tem, e utiliza para isso os instrumentos que não são o da classe dominante, são chamados de agitadores, provocadores, mentirosos. Estes são, na verdade, sujeitos conscientes do papel histórico da educação libertadora: aquela que sabe que a neutralidade não existe e que o ato político ético-moral, não permite que só a verdade de quem possui dinheiro, deva ser manifestada. A estes educadores, militantes, sujeitos sociais que imprimem uma lógica política, ético-moral, a seu que-fazer cotidiano, Paulo Freire - e outros tantos mestres políticos que foram sujeitos sociais comprometidos - deixa vários ensinamentos, dos quais, talvez um dos mais importantes seja o de retomar a política como prática de ação revolucionária superadora da ordem vigente. Entendida a política como um espaço maior que o da escola, mas que também nela se manifesta. Ou seja, é necessário superar o estágio não democrático e não participativo instituído, por uma lógica em que o ser social, em todos os espaços de poder, ao manifestar seu ponto de vista, não negue sua história, as outras histórias e as múltiplas verdades a partir das quais se constrói ou se destrói o saber.

Nas palavras do mestre Freire: “A compreensão dos limites da prática educativa demanda indiscutivelmente a claridade política dos educadores com relação a seu projeto. Demanda que o educador assuma a politicidade de sua prática. Não basta dizer que a educação é um ato político, assim como não basta dizer que o ato político é também educativo. É preciso assumir a politicidade da educação. Não posso pensar-me progressista se entendo o espaço da escola como algo meio neutro, que tem pouco ou quase nada a ver com a luta de classes, em que os alunos são vistos apenas como aprendizes de certos objetos de conhecimento aos quais empresto um poder mágico. Não posso reconhecer os limites da prática educativo-política em que me envolvo se não sei, se não estou claro em face de a favor de quem pratico. O a favor de quem pratico me situa em determinado ângulo, que é de classe, em que divisa o contra quem pratico e, necessariamente, por que pratico, isto é, o próprio sonho, o tipo de sociedade cuja invenção eu gostaria de participar”.

(*) Economista e educadora popular

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

FESTIVAL DE TEATRO LUSÓFONO EM TERESINA




PROGRAMAÇÃO



THEATRO 4 DE SETEMBRO
24 de agosto – Domingo
· 21h - Espetáculo Cabaré da RRRRaça - Bando de Teatro Olodum - Salvador - Bahia – Brasil

25 de agosto - Segunda-feira
· 10h - Mesa de conferência - Relações e Políticas Culturais na CPLP, com Márcio Meirelles - Secretário de Cultura da Bahia - Brasil, Adriano Jordão - Presidente do Instituto Camões no Brasil (Portugal), Celso Frateschi - Presidente da Funarte (Brasil), Sônia Terra - Presidente da Fundac (Brasil), Bárbara Santos - Centro de Teatro do Oprimido - Rio de Janeiro – Brasi
· 15h às 18h - Palestra-espetáculo 50 Anos do Teatro Oficina, com José Celso Martinez Corrêa - São Paulo – Brasil
· 21h - Espetáculo Raimunda Pinto, Sim Senhor! - Grupo Harém de Teatro - Teresina – Brasil

26 de agosto - Terça-feira
· 21h - Espetáculo Mulheres na Lajinha - Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo - ICA - Cabo Verde
· 27 de agosto - Quarta-feira
· 10h - Mesa de conferência - Divulgação e Preservação da Língua Portuguesa no Mundo, com a participação da atriz Lucélia Santos - São Paulo – Brasil
· 21h - Espetáculo Magia Negra - Teatro Fórum de Moura - Moçambique/Portugal

28 de agosto - Quinta-feira
· 10h - Espetáculo Pedro e o Lobo - Teatro Extremo - Almada – Portugal
· 21h - Espetáculo Mercadorias e Futuro - Lirinha - Recife – Brasil

29 de agosto - Sexta-feira
· 10h - Mesa de conferência - Dramaturgia Lusófona, com a participação de Mario Bortolotto - Londrina - Brasil, Joaquim Paulo Nogueira - Lisboa - Portugal, Hamilton Vaz Pereira - Rio de Janeiro - Brasil, Aderbal Freire Filho - Rio de Janeiro - Brasil, Dom Petro Dikota - Angola, Júlio Conte - Porto Alegre - Brasil, Isabel José Vicente – Angola
· 21h - Espetáculo Nojo - Grupo de Teatro de Pesquisa Serpente - Kixingangu - Angola

30 de agosto – Sábado
· 21h - Espetáculo As Velhas - arte pública - Beja – Portugal

TEATRO MUNICIPAL JOÃO PAULO II - DIRCEU ARCOVERDE
25 de agosto - Segunda-feira
· 19h - Espetáculo Nojo - Grupo de Teatro de Pesquisa Serpente - Kixingangu – Angola

26 de agosto - Terça-feira
· 19h - Espetáculo O Marinheiro - A. e C. Companhia de Teatro - Teresina – Brasil

27 de agosto - Quarta-feira
· 19h - Apresentação Projeto Instantâneo - Núcleo de Criação do Dirceu - Teresina – Brasil

28 de agosto - Quinta-feira
· 19h - Espetáculo Mistério Cômico - Paulo Duarte - Beja - Portugal

29 de agosto - Sexta-feira
· 19h - Espetáculo O Sr. Milhões ou o doido e a morte - Grupo Teatral Cena Só - São Tomé e Príncipe

30 de agosto – Sábado
· 19h - Espetáculo O Esqueleto do Cozinheiro Akli - Teatro Fórum de Moura - Moçambique/Portugal

TEATRO ESTAÇÃO
25 de agosto - Segunda-feira
· 23h - Espetáculo Camões é Um Poeta Rap - arte pública - Beja – Portugal

26 de agosto - Terça-feira
· 23h - Eu só quero me mover - Solo - Eduardo Prazeres - Núcleo de Criação do Dirceu - Teresina - Brasil

27 de agosto - Quarta-feira
· 23h - Espetáculo Auto da Barca do Inferno - Grupo Tear de Teatro - Teresina - Brasil

28 de agosto - Quinta-feira
· 23h - Espetáculo Chá das Quintas - Cia. de Teatro da Cidade - Teresina - Brasil

29 de agosto - Sexta-feira
· 23h - Espetáculo Diário de Uma Ladra - Cia. de Teatro Os Shakespirados - Teresina - Brasil

30 de agosto – Sábado
· 23h - Espetáculo Identidade Lusófona - Os Federais - Teresina – Brasil
· 23h30 - Festa da Lusofonia

MOSTRA DE TEATRO DE RUA
27 de agosto - Quarta-feira
· 17h - Espetáculo Nas Garras do Capa Bode - Trupe Caba de Chegar - Fortaleza - Brasil. Local: Pátio do Teatro Municipal João Paulo II

28 de agosto - Quinta-feira
· 17h - Espetáculo Nas Garras do Capa Bode - Trupe Caba de Chegar. Local: Universidade Federal do Piauí – UFPI

29 de agosto - Sexta-feira
· 11h - Espetáculo Conversa de Lavadeiras - Trupe Caba de Chegar. Local: Praça dos Bambus - Universidade Estadual do Piauí – Uespi

30 de agosto – Sábado
· 17h - Espetáculo Quem Matou Zefinha? - Trupe Caba de Chegar. Local: Praça Pedro II

TEATRO ASSEMBLÉIA
Dia 27 de agosto - Quarta-feira
· 9h - Espetáculo Pedro e o Lobo - Teatro Extremo - Almada – Portugal

Dia 28 de agosto - Quinta-feira
· 19h - Espetáculo Mulheres na Lajinha - Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo - ICA - Cabo Verde


Dia 29 de agosto - Sexta-feira
· 19h - Espetáculo As Velhas - arte pública - Beja - Portugal

COMPLEXO CLUBE DOS DIÁRIOS - GALERIA DO CLUBE DOS DIÁRIOS
24 de agosto – Domingo
· 19h - Abertura pelo ministro da Cultura, governador do Estado do Piauí e autoridades convidadas

25 a 30 de agosto - Segunda-feira a Sábado
· Exposição Fotográfica - Luz, Câmera, Encenação
· Fotografias de Teatro - Assaí Campelo - Teresina – Brasil

SALA TORQUATO NETO
25 a 30 de agosto - Segunda-feira a Sábado
· 12h30 - Mostra de Cinema Lusófono

26 de agosto - Terça-feira10h
· 10h - Palestra Espaços de Legitimação da Arte - relação entre imprensa e artistas - Christianne Galdino - Recife-Brasil- Lançamento do livro Balé Popular do Recife - Escrita de uma Dança - Christianne Galdino
· 16h às 18h - Demonstração de grupos de teatro do Piauí - Projeto Ponto a Ponto do Teatro do Oprimido

30 de agosto – Sábado
· 10h - Encontro de Diretores Lusófonos - convidados: João Branco (Mindelo - Cabo Verde), João Vasco (Almada - Portugal), Jorge Feliciano (Moura - Portugal), Arimatan Martins (Teresina - Brasil), Gisela Cañamero (Beja - Portugal), Pedro Domingues (Fortaleza - Brasil), Clemente Tsambe (Maputo - Moçambique)

OFICINAS
25 de agosto - Segunda-feira
· 9h às 12h - Oficina Corpo Cênico, com Lenora Lobo (coreógrafa brasileira) - Brasília - Brasil. Local: Teatro Municipal João Paulo II
· 14h às 17h - Oficina A Voz da Personagem, Joaquim Paulo Nogueira - Portugal. Local: Teatro Estação

26 de agosto - Terça-feira
· 9h às 12h - Oficina Corpo Cênico, com Lenora Lobo (coreógrafa brasileira) - Brasília - Brasil. Local: Teatro Municipal João Paulo II
· 14h às 17h - Oficina A Voz da Personagem, Joaquim Paulo Nogueira - Portugal. Local: Teatro Estação

27 de agosto - Quarta-feira
· 9h às 12h - Oficina Corpo Cênico, com Lenora Lobo - Brasília - Brasil. Local: Teatro Municipal João Paulo II
· 9h às 12h - Oficina Criação Teatral, Gisela Cañamero - Local: Escola Técnica de Teatro Gomes Campos
· 14h às 17h - Oficina A Voz da Personagem, Joaquim Paulo Nogueira - Portugal. Local: Teatro Estação

28 de agosto - Quinta-feira
· 9h às 12h - Oficina Criação Teatral, Gisela Cañamero - Beja - Portugal. Local: Escola Técnica de Teatro Gomes Campos
· 14h às 17h - Oficina A Voz da Personagem, Joaquim Paulo Nogueira – Portugal
Surgisse

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Mais da metade dos eleitores não tem ensino fundamental, segundo TSE

Dos 128,8 milhões de brasileiros aptos para votar nas eleições municipais de outubro, 72 milhões, ou 56% do total, não terminaram o ensino fundamental. Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgados nesta terça-feira (15), mostram que a maior parte do eleitorado do país declarou nunca ter estudado ou completado a primeira etapa do ensino básico.

Os analfabetos, para quem o voto é facultativo, somam 8 milhões, ou 6,2% do eleitorado. Eles superam o número de eleitores que terminaram faculdade - 4,5 milhões de pessoas, ou 3,49% dos eleitores.

Alagoas é o Estado com maior proporção de eleitores que declararam não saber ler nem escrever, 22,5%. Na outra ponta aparece Santa Catarina, com 2% de eleitores declarados analfabetos.

O professor de ciências políticas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Charles Pessanha, pondera os dados. "É claro que uma população bem educata vota melhor e controla melhor o que é feito com o voto, mas não é correto acreditar que pessoas menos instruídas tenham menor direito ao voto".

"Quanto maior o número de pobres, que geralmente é a população que menos tem acesso à educação, participa das eleições, maior o número de políticas públicas dedicadas a essa camada, o que é saudável para a democracia", diz o professor.

Os dados referem-se a todos municípios do Brasil, exceto o Distrito Federal - que não participa das eleições municipais de 2008

Fonte: http://educacao.uol.com.br/ultnot/2008/07/15/ult105u6738.jhtm

Estudantes ocupam reitoria da UFMS; reitor anuncia contratação de 120 professores

Cerca de cem alunos ocupam a reitoria da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, desde a última quinta-feira (7). Os estudantes reivindicam a paridade de voto na escolha do novo reitor, que está marcada para o próximo dia 25.

"Queremos democracia na universidade", diz Cauan Cabral, 21, aluno do 2º ano de ciências da computação e representante discente. Os alunos reivindicam igualdade de peso nos votos dos estudantes, funcionários e professores na indicação de candidatos ao MEC (Ministério da Educação).

Hoje, os votos dos docentes valem mais: representam 70% na formação da lista tríplice que segue para escolha do MEC.

O estudante afirma que os manifestantes não tem data para sair. "Só desocupamos com a garantia de paridade na escolha e nos conselhos", diz.

Constam ainda na pauta de reivindicações dos estudantes ativação do restaurante universitário, construção de moradia estudantil e melhoras na infra-estrutura da universidade, além da contratação de novos professores.

Em relação ao último item, o reitor da UFMS, Manoel Peró, anunciou mudanças nesta quarta (13). Vinte e três novos professores tomaram posse e o reitor anunciou a autorização do MEC para concurso público que vai contratar 120 novos docentes.

"A notícia é bem-vinda, mas queremos acompanhar a distribuição desses professores pela universidades, para que não haja cursos privilegiados", conta Cabral.

A reportagem do UOL Educação procurou a reitoria, mas não obteve resposta até 19h.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/ultnot/2008/08/13/ult105u6826.jhtm

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Elogio da Dialética

Eugen Berthold Friedrich Brecht

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar.
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

sexta-feira, 6 de junho de 2008

OFÍCO DO GOVERNADOR W. DIAS DETERMINANDO O CORTE DE PONTO DOS GREVISTAS DA UESPI

O governado e ex-sindicalista W. Dias/PT encaminha o ofício abaixo para a reitora Valéria Madeira/PC do B determinando o corte de ponto dos docentes em greve.
Apesar de a reitora ter mentido em assembléia afirmando que não iria autorizar o corte, ela deu o seu despacho para a pró-reitora de administração Josélia Izabel de Jesus para encaminhamento.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A tropa do capitão Padilha

por Guilherme Scalzilli

Esperei um pouco para rever “Tropa de elite”, longe dos festejos pela premiação no Festival de Berlim. Gostei mais agora do que na época das polêmicas sobre o suposto caráter fascista do filme, que turvaram suas inegáveis qualidades técnicas e dramáticas e até seus defeitos pontuais. Mas continuo achando o prêmio incongruente, uma espécie de gesto de desagravo do júri presidido por Constantin Costa-Gavras, em reação às críticas negativas da imprensa estrangeira.

“Tropa” é demasiado ortodoxo para tamanha consagração. Seu esmero visual não sobressai na cinematografia recente, brasileira inclusive, devidamente instruída e aparelhada para reproduzir o padrão norte-americano. Seria mais justo com as dimensões da obra se o ator Wagner Moura e o fotógrafo Lula Carvalho ganhassem reconhecimentos pessoais, poupando Berlim de um possível equívoco histórico.

Mas Costa-Gavras sequer prestaria atenção em “Tropa” se visse nele apenas um policial inconseqüente, na linha “Dirty Harry in Rio”. O lendário cineasta, autor de tantos clássicos libertários, provavelmente interpretou o filme por suas declaradas boas intenções, isto é, como uma crua denúncia das instituições policiais.

As acusações de fascismo vieram a calhar para o diretor José Padilha, justamente porque são ridículas, invalidando questionamentos mais conseqüentes. A idéia da apologia no produto artístico não tem sentido sob vigência da liberdade de expressão. Retratar como protagonista um policial corrupto não faz da narrativa um elogio da corrupção. Há grande potencial conscientizador no choque da empatia sedutora contra o racionalmente inaceitável – daí advém a força de tantos anti-heróis inesquecíveis.

Já teci comentários semelhantes sobre o Jack Bauer de “24 horas”. O seriado não comete delito algum, nem o filme brasileiro. Mas, se vamos analisar os personagens, não cabem controvérsias: Bauer e o capitão Nascimento, como seus modelos reais, são criminosos agindo sob a tolerância cínica das autoridades e da sociedade.

Assistir a prisões ilegais, torturas e execuções sumárias pode nos ajudar a compreender o funcionamento de um sistema corrompido que ajudamos a sustentar. Ouvir os argumentos desses bandidos nos induz a confrontar e discutir seu sistema de valores.

Portanto, nessa lógica da abordagem crítica, quando Nascimento defende que os usuários de drogas são co-responsáveis pelas mortes de inocentes, poderíamos concluir: eis a visão típica de um contraventor fardado, que reproduz os argumentos simplistas desse proibicionismo estúpido, arcaico e fracassado, do qual a própria polícia é instrumento. Na vida real, um soldado assassino, em sua brutalidade ilegítima, ignora a tendência mundial rumo à descriminalização da droga, ao abandono da legislação repressiva que leva à violência, à clandestinidade e à corrupção. Esse personagem, para ser crível, não poderia ter opinião diferente.

Mas “Tropa”, como todo filme de tese, evita abstrações, distanciamento e ambigüidades. Em vez de enfrentar a complexidade do tema, Padilha seleciona recortes convenientes e utiliza-os para comprovar um conjunto de argumentos pré-estabelecidos. E a couraça documental garante-lhe uma ilusão de infalibilidade (“conhecemos a verdade porque estivemos lá”), com tal pretensão de esgotar os debates que termina resvalando no mesmo autoritarismo de seus personagens.

A ótica do Bope, maniqueísta e simplificadora, está em toda parte: na supremacia dos soldados, nas motivações dos aspirantes, na alienação dos universitários, no menosprezo pelas teorias de Foucault (tomando a precaução de anular a maior objeção conceitual ao papel das polícias), na ridicularização das iniciativas assistenciais, na frieza cafajeste dos vilões. Não existem subtextos, lacunas ou silêncios; não sobrevivem dúvidas. Prevalece o didatismo das lições de moral, com castigo e tudo, no qual criador e criatura se amalgamam para gritar “Maconheiros filhos da puta!”.

A prova incontestável desse diagnóstico encontra-se num curto depoimento do diretor, escondido nos “extras” do DVD, quando ele defende a visão de Nascimento sobre a responsabilidade dos usuários pelo sustento do crime organizado. Em poucos segundos, somos tomados por uma descoberta estarrecedora: as idéias do personagem reproduzem um ponto-de-vista autoral. Padilha utiliza os policiais para manifestar-se. “Tropa” se transformou, assim, numa peça de propaganda da teoria repressiva e dos fundamentos jurídicos da putrefação institucional que o filme aparentemente denuncia.

Quase fui enganado por Padilha, e por isso compreendo o logro de parte do público e da crítica. As prerrogativas de criador permitem-lhe defender o teor acrítico de sua obra, alegando tratar-se de uma reprodução da realidade em estado bruto. Leni Riefenstahl deu explicações semelhantes para seu “Triunfo da vontade”, que passou de elogio do nazismo a exercício estético num piscar de tolerância. Em ambos os casos, porém, o pendor ideológico repousa por trás do manto das aparências, revelando-se naquilo que elas deliberadamente escondem.

Guilherme Scalzilli é historiador e escritor, autor do romance Crisálida (editora Casa Amarela). www.guilhermescalzilli.blogspot.com/

terça-feira, 20 de maio de 2008

Informe!

Car@s camaradas!

Este blog está em teste, breve teremos novidades!

Saudações socialistas.

Critique, opine, denuncie!

NOSSOS CONTATOS: (86) 8845-3625 - e-mail: deverdeclasse78@yahoo.com.br